Bruno Silva Santos tem 17 anos, é jovem-aprendiz em uma empresa de varejo em Mauá e já cuida de uma filha pequena. Rodrigo Prado tem 44 anos, é de Santo André e se dedica à profissão de arte-educador em oficinas de grafite, história em quadrinhos e artes plásticas para diversos públicos: pessoas com deficiência, adolescentes em conflito com a lei, jovens e crianças em situações de vulnerabilidade social e adultos e idosos em lares e abrigos.
Bruninho e Smul, como são chamados, têm em comum o amor pelo desenho, que exercitam juntos nas oficinas do Projeto Jovens Caminhos, realizado pelo Instituto GEA – Ética e Meio Ambiente, em parceria com a Petrobras. Depois de frequentar o curso de Desenho, Bruninho segue tendo momentos de monitoria com Smul, uma espécie de especialização para alunos que querem personalizar sua arte.
“Quero ampliar meus conhecimentos no meio do grafite. Creio que, no futuro, eu possa estar trabalhando na área”, aposta Bruninho, aluno do 1º ano do Ensino Médio e morador no Jardim Oratório, em Mauá.
Santo André e Mauá, no ABC paulista, são as duas cidades onde haverá cursos gratuitos de Grafite, além de Informática e Produção de Sites, oferecidos pelo Instituto Gea, com patrocínio da Petrobras, para fomentar o empreendedorismo, a cidadania e uma oportunidade de geração de renda à população mais vulnerável.
Uma relação de troca
“O maior sentimento nessa relação é o amor mesmo. A troca de saberes é fundamental, a gente acaba aprendendo mais com os jovens do que ensinando”, afirma o monitor Smul, que participa da construção do projeto por meio de dicas de aulas de como grafitar desde o papel até o muro e na interlocução nos bairros onde o projeto atua. Atualmente, o projeto está nos Jardins Sônia e Silvia Maria, em Mauá.
Para Bruninho, cujo gosto pelo desenho vem desde criança, o Jovens Caminhos o ajudou a entender mais sobre arte e a ter conhecimento de novas técnicas de desenho e grafite. “Sempre desenhei e fui me aperfeiçoando”, diz ele, que tem no grafiteiro Chivitz sua fonte de inspiração. “O jeito como ele faz os personas é único”, aponta. Bruninho diz que aprecia fazer traços em bombs e personas.
Grafiteiro profissional e arte educador de formação desde 2005, Smul entende que ofertar arte e cultura para jovens em vulnerabilidade deveria ser prioridade nos governos. “Acredito na arte-educação como ferramenta transformadora”, define o monitor. Ele também dá aulas no CRPD (Centro de Referência da Pessoa com Deficiência), trabalha no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na formação de base e no Instituto Solano Trindade, em São Bernardo.
“Minhas inspirações geralmente vêm da cultura popular, folclore e cultura urbana. Gosto de descontrair os desenhos e letras, pintar bem livre e usando muitas cores. Gosto de homenagear pessoas que são importantes na minha vivência, sendo conhecidas ou que vivem no anonimato”, é como Smul define sua arte e seus ensinamentos.
Um dos trabalhos de Bruno (Fotos Arquivo pessoal)