“O Jovens Caminhos se tornou uma escola na minha vida”, costuma dizer o professor Diego Fagundes da Silva, do curso de Artes e Grafite do Projeto Jovens Caminhos. Mesmo carregando o status de mestre durante as monitorias e aulas, Diego se declara um permanente aprendiz:
“Levar adiante o projeto é um desafio, pois temos que melhorar a cada turma e, assim, nos obrigamos a estudar novas técnicas e novos métodos de ensino. Conhecemos pessoas de diferentes idades e costumes, o que enriquece nossa experiência como professores e também como artistas”, afirma o professor, que destaca a criação de laços com os alunos, as amizades e histórias que serão lembradas a vida inteira. “Isso tem um significado grande, pois me ajuda a entender o que desejo para meu futuro”, acrescenta.
Diego Fagundes está desde 2023 no Projeto Jovens Caminhos, onde começou a lecionar após atuar em outra parceria com o Instituto Gea, em que participou de várias ações comunitárias voltadas ao embelezamento da periferia, por meio do grafite.
Orgânicos e abstratos
Aos 33 anos e morador na Capital, no bairro do Butantã, Diego faz pinturas comerciais em oficinas, além de esparramar grafites em murais pela cidade. Seu desenho decodifica estilos diversos, desde realismo até letras, passando por orgânicos e abstratos, decorativos e reprodução.
Tem sempre boas lembranças para compartilhar sobre os alunos, mas algumas experiências o marcaram no Jovens Caminhos, como ajudar o senhor Pedro ou o Kibe, como é chamado, a desenhar.
”Ele nos contou as histórias como caminhoneiro, levando pelo Brasil seu sonho e determinação. Mesmo com dificuldade de enxergar, mostrou empenho em querer criar um desenho, um personagem. Fez uma camiseta e deu para o filho, que tem uma banda. Pois o filho também curte grafite, surpreendendo a todos. O Kibe nos ensinou que nunca é tarde para aprender”, conta o professor Diego.
Outra experiência que guarda na memória é sobre dona Raquel, de 62 anos, que se empenhou bastante nas aulas “e foi uma estrela nas duas turmas, levando seu carisma e charme para todos, criando artes novas e concluindo os dois cursos com muito esmero”. Diego lembra que dona Raquel foi convidada a pintar em um evento na comunidade Jardim Jaqueline, deixando sua arte bem longe de onde ela mora, “mas entrando de vez pro ramo de grafiteira”, sublinhou.